domingo, 24 de abril de 2011

Os versos de ouro - Pitágoras


Honra, em primeiro lugar, e venera os deuses imortais,
a cada um de acordo com sua classe.
Respeita logo o juramento, e reverencia os heróis ilustres,
e também aos gênios subterrâneos:
cumprirás assim o que as leis mandam.
Honra logo a teus pais e a teus parentes de sangue.
E dos demais, faça-te amigo do que se sobressai em virtude.

Cede às palavras gentis e não te ponhas aos atos proveitosos.
Não guardes rancor ao amigo por uma falta leve.

Estas coisas, faça-as na medida de tuas forças,
pois o possível se encontra junto ao necessário.

Compenetra-te em cumprir estos preceitos,
mas atine-se a dominar
antes de tudo as necessidades de teu estômago e teu sono,
depois arranque-os de teus apetites e de tua ira.

Não cometas nunca uma ação vergonhosa,
Nem com ninguém, nem a sós

Acima de tudo, respeita-te a ti mesmo.

Seguidamente exercita-te em praticar a justiça, em palavras e em obras,
Aprende a não comportar-te sem razão jamais.

Sabendo que morrer é a lei fatal para todos,
que as riquezas, umas vezes te cabe ganhá-las e outras, perde-las.

Dos sofrimentos que cabem aos mortais por divino desígnio,
a parte que a ti corresponde, suporta-a sem indignação;
mas é legítimo que busques remédio na medida de tuas forças;
porque não são tantas as desgraças que caem sobre os homens bons.

Muitas são as vozes, umas indignas, outras nobres, que vem a ferir o ouvido:

Que não te perturbem, nem tampouco te voltes para ouvi-las.

Quando ouvires uma mentira, suporta com calma.

Mas o que agora vou te dizer
é preciso que cumpras sempre:
Que ninguém, por seu ditos ou por seus atos
te comova para que faças ou digas nada que não seja o melhor para ti.

Reflete antes de obrar para não cometer tolices:
Obrar e falar sem discernimento é de pobres gentes.
Tu, por tua vez, farás sempre o que não possa danar-te.


Não entres em assuntos que ignoras,
mas aprende o que é necessário:
tal é a norma de uma vida agradável.

Tampouco descuides de tua saúde:

Tem moderação no comer e no beber,
e no exercício do corpo.
Por moderação entendo o que não te faça dano.
Acostuma-te a uma vida saudável, sem frouxidão,

E guarda-te do que possa atrair a inveja.

Não sejas dissipado em teus gastos

Como fazem os que ignoram o que é honradez,
mas não por eles deixes de ser generoso:
nada há melhor que o equilíbrio em todas as coisas

Faz pois o que não te prejudica, e reflete antes de atuar.
E não deixes que o doce sonho se apodere de teus languidos olhos
sem antes haver repassado o que fizeste durante o dia:
"No que falei? O que fiz? Que dever deixei de cumprir?"
Começa do principio e percorre-o todo,
e reprova-te os erros e alegra-te com os acertos.

Isto é o que deves fazer.
Estas coisas que há de empenhar-te em praticar,
Estas coisas há que amar.
Por elas ingressarás na divina senda da perfeição.
Por quem transmitiu a nosso entendimento a Tetratkis (1)

fonte da perene natureza.

Adiante, pois! Ponha-te ao trabalho,
não sem antes rogar aos deuses para que te conduzam à perfeição.
Se observares estas coisas
conhecerás a ordem que reina entre os deuses imortais e os homens mortais,
em que se separam as coisas e em que se unem.

E saberás. Como é justo, que a natureza é uma e a mesma em todas as partes,
para que não esperar o que não há que esperar,
nem nada fique oculto a teus olhos.


Conhecerás os homens,
vítimas dos males que eles mesmos se impõem,
cegos aos bens que lhes rodeiam, que não ouvem nem veem:
são poucos os que sabem livrar-se da desgraça.
Tal é o destino que estorva o espírito dos mortais,
como contas infantis rodam de um lado a outro,
oprimidos por males inumeráveis:
porque sem adverti-lo os castiga a Discórdia,
sua natural e triste companheira,
a que não há que provocar, sem ceder-lhe o passo e fugir dela.

Oh pai Zeus! De quantos males não livrarias os homens
se tão somente os fizesse ver a que demônio obedecem!

Mas para ti, tem confiança,
porque de uma divina raça estão feitos os seres humanos,
e há também a sagrada natureza que lhes mostra e lhes descobre todas as coisas.
De tudo o qual, se tomas o que te pertence,
observarás meus mandamentos,
que serão teu remédio e livrarão tua alma de tais males.

Abstenha-te dos alimentos como dissemos,
seja para as purificações, seja para a liberação da alma,
julga e reflete de todas as coisas e de cada uma,
alçando alto tua mente, que é o melhor de teus guias.

Se descuidas teu corpo para voar até as livres orbes do éter,
serás um deus imortal, incorruptível,
já não sujeito à morte.

.

(1) Tetraktys. Número sagrado e fundamental dos pitagóricos pelo qual juravam fidelidade. Simboliza a unidade origem e principio, a dualidade das oposicoes e as complementaridades e o triunfo da trindade, que finalmente se desprende no universo do quatro. 1 + 2 + 3 + 4 = 10, a unidade expandida na manifestação, = 1 + 0 = 1, o retorno à unidade de origem.

E então veio a primavera ...


E então veio a primavera. Finalmente o domingo de páscoa. O dia do renascimento. Mas agora não apenas o renascer de Jesus Cristo. Ele fez o que pôde. Ele defendeu os fracos e os oprimidos. E certamente há de ser muito forte para o fazê-lo. Porém não já não era o suficiente. Havia também um dia alguém de vir para defender os fortes e opressores. E eis que Nietzsche veio ao mundo. Não havia outro jeito, alguém precisava agora abençoar o mal para poder em fim criar a paz, a redenção, para criar o ser humano que será um ser total. Um humano não negador da vida, mas um humano onde o bem e o mal estejam juntos de mão dadas se amando incondicionalmente. Será o fim da guerra contra si mesmo. Não será também esse o final da guerra contra os outros? Almas negras e brancas finalmente dançando juntas a dança do novo amanhecer. Apenas um! Agora seremos apenas um! Eis o grito que o novo tempo traz para finalmente criar serenidade.
Jesus e Nietzsche foram dois opostos. Foram duas metades. Foram dois irmãos. Jesus mostrou a beleza que havia em uma metade da vida, e Nietzsche mostrou a beleza que havia na metade oposta. Mas agora é um novo renascer. Um renascer sem metades. Um renascer sem separação. Agora é a hora de ver beleza em todas as partes. O tempo chegou trazendo novos ares. Jesus sem Nietzsche não tem leveza suficiente para ver bondade na opressão, e Nietzsche sem Jesus não tem força suficiente para ver beleza e dança naquilo que é simples. Consolo sem esclarecimento apenas perpetua o sofrimento, e esclarecimento sem consolo não traz nenhum tipo de paz. Jesus sem Nietzsche e Nietzsche sem Jesus não podem trazer a nova música do amanhã. A canção da nova primavera. A explosão do novo renascer.
Foi-se o tempo do belo Jesus Cristo, e depois foi-se também a época do grande Friedrich Nietzsche. O mundo precisou de ambos. Mas agora é uma nova época. O grande dia onde ambos estarão juntos abraçados dançando e espalhando a nova fragrância do ser humano total. O fim da guerra. Chegou o tempo da reconciliação. Chegou o tempo do novo renascer. Eu já escuto o seu cantar nas flores que estão brotando. Já não há como deter a nova primavera.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Quando o louco começa a falar ...


Era mais um dia comum em que eu caminhava aleatoriamente pelas ruas de um subúrbio de Londres. As mesmas caminhadas na tentativa de esvaziar a mente. De apagar o barulho que insistia em não fazer paz com o meu silêncio. Já não queria mais receber mensagens me esclarecendo o significado da vida, queria apenas que as perguntas não estivessem mais lá. Não estava mais em busca da verdade. Ela nunca me adiantou de nada. Nenhuma verdade jamais trouxe nenhum tipo de paz ao meu coração. Queria ser agora o mais burro. O que menos entende a vida. Talvez assim eu comece finalmente a vivê-la. Queria deixar ao futuro apenas a inocência do vir-a-ser. Que ele me traga o que ele quiser. Essa escolha não é minha. E que escolha algum dia já foi minha? As minhas explicações para os meus próprios atos se mostraram sempre falsas. Fui eu ou foi a vida que me trouxe até aqui? E porque eu insisto em separar "eu" e "vida"? Quem criou essa ridícula separação? Nenhuma dessas perguntas faz nenhum sentido. O quê? Finalmente o sentido está desaparecendo? E por que buscar sentido algum? Razão para que? Não quero ter mais nenhum pingo de razão em nenhum dos meus atos. "Causa e efeito", que mentira mais absurda. Quem é causa e quem é efeito? Será que não é a causa que só existe por causa do efeito? E quem foi louco o suficiente para separar esses dois atos iguais? Quem foi o louco que inventou a separação? Quem separou o assassino do assassinado? Quem separou o amante do amado? Como separar o que é igual? Como separar o que pertence ao todo? O todo não vê nenhuma parte. Não há partes no todo. Não há separações. Não há eu e a vida, o que há é um eu-vida. Não há choro e risos. Quem não chora também não consegue rir. Pois é tudo a mesma coisa. Eu e você. Porque dois nomes? O indivíduo e a sociedade. Não, seus loucos! Não há partes. Não somos partes! Não temos partes. Como pode alguém dizer: "Eu não gosto dessa parte em mim."? Você não tem partes. Você é um todo. E continuam dizendo: "Tenho que melhorar esse meu lado". Não, não há lados. Você é um todo. O líder só existe porque existem seguidores, assim como os seguidores só existem porque existe um líder. Não veem vocês que não existe efeito sem causa assim como não há causa sem efeito? Quem veio antes? Não há antes. Eles vieram juntos. Eles estão juntos. Um cria o outro. A separação cria os dois ao mesmo tempo. Deus ou a humanidade? Que pergunta mais besta. Um não pode existir sem o outro. A humanidade é também causa de Deus. Foi a separação que criou um Deus. O Deus é a nossa vontade de voltar ao todo. No todo não há partes. Não há eu, não há vida, não há Deus, não há nada. E assim há tudo. Tudo! Eu, você, o louco, o buda, o guerrilheiro, o racista, o cientista, o mentiroso, o materialista, o espiritualista, o poeta, o animal, o vegetal, o sábio, o poderoso, o zé-ninguém, o doente, o criminoso, o santo, Jesus, o diabo. Nós somos o todo. Nenhum desses é parte. Somos o todo.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

E finalmente ... amor


-Então me diga nobre cavalheiro. Do que falaremos hoje?
-Você ainda não percebeu? Não está sentindo esse aroma que está aqui no ar agora?
-Eu percebi que havia algo diferente. Mas tive medo de acreditar que havia chegado a hora.
-Porém a hora chegou meu caro amigo. Hoje finalmente falaremos sobre o amor.
-Mas porque exatamente sobre o amor?
-Porque eu já cansei de falar sobre todo o resto.
-Não é possível. Logo você que gosta tanto de seus discursos sobre os humanos, revoluções, o universo, sobre a vida.
-Desculpe se o meu atual estado te perturba meu caro amigo. Acontece que chegou a hora. Será que você não consegue entender isso? Tudo que veio antes foi uma preparação. Foi um treino.
-Como assim?
-Revoluções? Revolucionar o quê? Como pode alguém depois de uma bela noite de amor pensar em querer mudar alguma coisa? E que tipo de revolução poderia ser mais bela do que uma linda noite de amor?
-Há algo muito diferente em você hoje.
-Sim, eu já te disse que chegou a hora. Hoje eu falarei sobre o amor.
-Eu já tive medo de suas palavras antes, mas nunca como hoje.
-Não há problema meu caro amigo. As pessoas temem o amor. Eu sempre temi o amor. Por isso que eu precisava sempre estar falando sobre guerras e sobre outras insanidades. Eu poderia falar sobre essas coisas durante a vida inteira. Durante muitas vidas inclusive se esse fosse o caso. Mas o que eu posso fazer hoje? Finalmente chegou a hora.
-E como você sabe que chegou a hora?
-Será que você não consegue ver?
-Ver o que?
-Que ela esteve aqui.
-Ela quem?
-Ela!
-Mas não poderia ter sido outra?
-Caro amigo, a vida não conhece "poderias". A vida simplesmente é o que ela é. E foi ela quem esteve aqui, e não outra.
-Mas o que você viu nela?
-Você ainda não entendeu. O que eu vi não foi nela, foi ela.
-Mas o que ela fez?
-Não foi o que ela fez, foi o que ela é.
-Então me diga, quem ela é?
-E como poderia eu responder a uma pergunta dessas? Como colocar em palavras o que nem mesmo os sentimentos mais transcendentes de meu coração conseguem entender direito?
-Mas porquê você a ama?
-Meu querido amigo, o amor não vem do conhecimento, não vem da compreensão. A mente nunca será capaz de amar. O amor vem de outro lugar. Ele vem do desconhecido. Ele vem da aventura do viver sem saber. Eu não faço ideia do porque a amo. Apenas sei que a amo.
-Você está louco! Por acaso você já parou para pensar no que você está falando?
-E como pensar sobre o que eu estou falando? O amor vem da vida. Ele vem do todo. Ele é muito maior do que o que eu posso compreender. Eu sou apenas uma parte. E como pode a parte querer entender o todo? O todo é muito maior. O todo é o todo.
-Não entendo nada do que você está falando.
-Não há problema algum. Eu tampouco o entendo.
-Mas então porque você fala?
-Por acaso já não te falei que hoje finalmente chegou a hora? A hora de falar sobre o amor? E como poderia eu falar sobre o amor, experimentar o que é o amor, se ainda houvesse dentro de mim algum desejo em compreender alguma coisa?
-Devo confessar que há beleza nisso que você diz.
-Eis a vida daquele que se liberta do desejo da verdade, do desejo do saber, do desejo de estar certo. Quando desaparece a busca pela verdade, pela compreensão do que é a vida, então a única coisa que resta é a própria vida. E o que é a vida senão apenas amor? E onde mais poderia haver algum tipo de beleza senão no amor?
-Não te entendo, mas gosto do que você me diz.
-Esse é o caminho meu caro amigo.
-Há amor nas suas palavras.
-Não posso evitar. Pois como eu te disse. Hoje finalmente chegou o dia. O dia de falar sobre o amor.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O menino que escrevia


Certa vez houve um menino que gostava de escrever. No começo ele não entendia direito porque fazia aquilo. Mas sim ele gostava. Aquilo o fazia muito bem. Escrever o levava para algum lugar onde ele se sentia bem. Um lugar que no início parecia ser fora da realidade. E talvez até fosse, mas era exatamente o que ele precisava. Para entender e conviver com a realidade é necessário muitas vezes sair um pouco dela. É necessário olhar de longe, de um lugar onde o peso de existir não seja um problema.
Alguns falavam que ele escrevia simplesmente por desabafo. Mas o que acontece com quem guarda suas angustias para si? Ele precisava se livrar de muita coisa. Haviam muitas coisas nele que no fundo não eram dele, estavam lá apenas emprestado. E tudo que se pega emprestado uma hora a gente acaba tendo que devolver.
E ele crescia e a necessidade de escrever ia cada vez aumentando mais e mais. A vida havia começado a parecer coisa de gente grande, e obviamente isso o assustava imensamente. Havia algo nele que sabia que esse tipo de vida que as pessoas levavam não era uma vida para ele. Ele precisava de algo mais. Ele precisava de algo além. A vida tinha que ser mais. E foi então que o lápis e o papel ficaram ainda mais e mais importantes. Quem sabe através daqueles incontáveis textos a vida não teria uma maneira de em algum lugar mandar alguma mensagem escondida?
E a escrita continuou e continuou. Gritos de ódio, palavras de amor, choros solitários, gargalhadas de alegria. Não havia outro jeito. A vida trazia todas essas coisas para ele. E o que ele poderia fazer contra a vida? Com o seu lápis na mão ele era capaz de lutar contra tudo e contra todos. Inclusive contra o próprio Deus. Mas nunca contra a vida. Isso ele no fundo nunca negou. Por mais que ele quisesse fugir por algum tempo, aquelas fugas eram no fundo apenas para recuperar o fôlego.
E foi então que algumas pessoas começaram a perceber que o que ele escrevia na verdade era até interessante. Era ainda um menino tentando se encontrar, mas ali alguns já começaram a ver que brotava uma semente de algo diferente. De algo que nem mesmo eles entendiam muito bem o que era. Algo que inclusive muitos temiam por não saber qual seria o fim daquilo tudo. Mas ele não se preocupava muito com essas coisas de fim, pois mesmo naquela época ele já sabia que a vida nunca coloca fim a nada, ela sempre continua. Ela muda, assume outra forma, outro gosto, outra cor, mas sempre continua de algum jeito.
Os seus textos começaram então a ficar mais profundos, mais gostosos, mais ardentes, mais poéticos algumas vezes, mais insanos, mais perigosos. A medida em que ele avançava na vida, as suas verdades ficam cada vez mais intensas, mais fortes. E foi então que ele percebeu que havia algo nele que ele poderia compartilhar com o mundo. Havia algo nele louco para ser compartilhado com o mundo. A vida queria gritar através dele. E mesmo em seus momentos de insanidade a vida mesmo assim ainda queria gritar através dele, pois quem disse que a vida não possui lindas loucuras dignas de serem compartilhadas?
Agora ele já não podia mais parar com aquilo. Era mais forte do que ele. Agora o escrever era parte de sua alma. Parte do seu próprio desejo de viver. Essa era sua arte. Essa era sua inspiração. Agora cada vez que escrevia se sentia mais perto da existência. Mais perto de si mesmo. E estranhamente até mesmo mais perto das pessoas. Mais perto da humanidade. Escrever era ao mesmo tempo um refúgio da realidade nos momentos difíceis e a maneira mais fácil de retornar a ela em momentos de calmaria. Sem a escrita a vida não tinha tanta cor. Escrever alimentava a alma. E quem disse que só o corpo necessita de alimento?
Uns diziam que ele queria agora criar uma nova crença. Trazer uma ideia nova. Ter os seus próprios seguidores. Mas ele nunca ligou muito para isso. No fundo ele nunca escreveu para ninguém além dele mesmo. Ele nunca escreveu para mudar o mundo. Talvez tenha o feito no início, mas que menino quando jovem não sonha em mudar o mundo? Ele se divertia escrevendo, ele ria escrevendo, ele chorava escrevendo. O seu escrever não tinha um propósito fixo, cada dia era por uma razão diferente. E na maioria das vezes até mesmo não havia razão nenhuma. Escrever era viver. Era esquecer da vida, era lembrar da vida. Era entender a vida para descobrir depois que a vida não podia ser entendida. E ele escrevia, escrevia e escrevia ... Para onde será que ele ia? Para onde será que o escrever o estava levando? Ele ainda não sabia, e nem mesmo se importava tanto assim, ele continuou simplesmente fazendo o que ele sempre fazia, ele escrevia, escrevia e escrevia ...