quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

A solução é destruir o planeta


Ultimamente tem-se conversado muito sobre a crise econômica mundial, e até por conta disso tem se dado pouca atenção à crise ambiental pela qual passamos agora. Como todos sabemos o meio ambiente está pedindo socorro já a algumas décadas, isso não é novidade nenhuma, e por mais que não queiramos aceitar essa realidade, inevitavelmente a destruição do meio ambiente significaria também a nossa destruição, portanto esse é um problema muito grave, que exige bastante cuidado.
Um olhar um pouco mais atento a essa questão nos mostra facilmente que uma das principais causas da destruição da natureza é o consumismo exagerado dos seres humanos, não apenas pela extração de matérias primas da natureza em si, mas por toda cadeia de problemas que inevitavelmente isso gera. Para se produzir alguma coisa se gasta energia, e quanto mais se quer produzir mais energia tem-se que gastar, e quase todas as formas de produção de energia que temos geram poluição, seja por emissão direta de poluentes ou seja por impactos ambientais devido a construção das usinas, e não há energia de sobra no planeta para que se possa aumentar a produção sem que novas fontes geradoras sejam construídas, a maioria dos países passa hoje também por uma crise energética, basta olhar por exemplo o caso do EUA que saí pelo mundo desesperadamente buscando fontes de energia em todo lugar, como o petróleo do Iraque e da Venezuela, e o etanol aqui do Brasil, para poder sustentar o consumismo irracional da sua população. Além da questão energética há também a questão das matérias primas utilizadas na fabricação dos bens de consumo, que muitas das vezes são bens não renováveis e que muitas vezes a sua extração causa danos irreparáveis ao meio ambiente, basta ver por exemplo a produção de celulose que necessita de grandes extensões de terras plantadas com eucalipto, que a longo prazo (as vezes não tão longo) acaba com a biodiversidade do local, tornando o solo muitas vezes infértil depois de algumas décadas. Outro problema causado pelo consumo excessivo é a produção de lixo. Na compra de coisas novas, as velhas acabam na maioria das vezes sendo descartadas, e mesmo que parte delas seja reaproveita ou reciclada, muita coisa acaba indo para o lixo, e o tratamento do lixo é algo muitas vezes difícil de se fazer e na maioria dos lugares é até inexistente. Não só o lixo tóxico proveniente de equipamentos eletrônicos e materiais químicos, mas todo tipo de lixo, até mesmo orgânico trás problemas para a natureza quando simplesmente despejado em algum lugar ou queimado em algum incinerador.
Eu poderia me estender um pouco mais aqui mostrando como o consumismo é ruim para o meio ambiente mas acho que isso não é tão necessário agora, até por ser algo um tanto quanto óbvio. Mas a conclusão a que eu quero chegar aqui não é essa, o que eu quero é mostrar a relação entre a crise econômica e a destruição da natureza. Nessa época de crise vemos os economistas, os empresários e os chefes de estado, dizendo que para minimizar os efeitos da crise é necessário evitar que a população deixe de comprar, ou seja, de consumir, pois a queda no consumo acaba gerando desemprego, que diminui o poder de compra da população, diminuindo o consumo e gerando mais desemprego, é uma bola de neve que tem que ser contida, e a solução para isso é tentar de alguma forma fazer com que a população tenha condição de continuar consumindo, ou pelo menos de não diminuir muito o seu consumo. Senhores, não precisa ser nenhum gênio para concluir daí que há uma contradição enorme entre minimizar a crise e preservar o meio ambiente. O capitalismo mais uma vez está em crise, o que não é nenhuma novidade, pois capitalismo e crise são como dois amantes que ficam juntos por uns anos, depois terminam mas após algum tempo acabam sempre voltando um para os braços do outro, o engraçado e assustador disso tudo é ver que a solução óbvia para se amenizar a crise é diretamente oposta a preservação do meio ambiente, ou seja, a salvação do capitalismo significa, nada mais nada menos, do que a destruição do planeta.