quarta-feira, 15 de julho de 2009

O paraíso


Hoje eu sonhei com o paraíso. Acordei e li no jornal que o capitalismo havia morrido de vez, já não existiam burgueses, nem oligarquias. Já não havia Estado também, as pessoas haviam simplesmente percebido que ele nunca tinha sido de fato necessário. Saí as ruas e vi as casas que serviam à especulação sendo ocupadas por humanos. Vi as pessoas pintando os muros retratando suas loucuras interiores sem nenhum policial os perseguindo por atentado contra o patrimônio. Melhor do que isso, me dei conta de que já não haviam policiais. Ao invés de eucalipto estavam agora plantando comida de gente, e não de empresário. Vi que as igrejas estavam vazias, pois o ser humano agora tinha amor próprio, não precisava mais de um ser superior de amor infinito. Os jornalistas já não estavam engravatados, e na televisão quase não tinha notícia vinda dos Estados Unidos. A rede globo havia saído ar. Os professores viraram alunos, pois começaram a aprender o ensinar. As escolas deixaram de ser quadradas, pois parou-se de ensinar o escravizar das mentes. Inúmeras pessoas choravam incessantemente por sentir pela primeira vez sua liberdade a tanto tempo reprimida, outras o faziam simplesmente por finalmente poder chorar sem precisar de uma razão para isso. Coloquei a mão no bolso e vi que não havia mais dinheiro, mas já não fazia diferença, pois ter dinheiro havia perdido o sentido, ele era agora apenas um pedaço de papel e não mais a base da existência humana. Na cidade apareceram esculturas bizarras, as ruas agora estavam repletas de poesias sem aparente significado. Felizmente agora as coisas não mais precisavam ter um significado. Finalmente podíamos delirar em paz, podíamos ser loucos sem ter medo. Havia teatro de rua em todas as partes, no lugar dos shopping centers tínhamos agora feiras ao ar livre, a música estava em todo lugar. Finalmente eramos livres para não mais ter que amar ao próximo como a nós mesmos. Amávamos somente àqueles que queríamos, e mesmo assim, nunca como a nós mesmos.
Depois de um dia inesquecível na minha cidade do paraíso voltei pra casa para dormir e para louvar ao ser humano. Infelizmente, depois de dormir eu acordei.

sábado, 11 de julho de 2009

La anarkiisto kaj la demokrato



Demokrato: Saluton! Mi havas donacon por vi.
Anarkiisto: Kio ĝi estas?
Demokrato: Ĝi estas la plej bona afero el la mondo.
Anarkiisto: Sed, kio?
Demokrato: La demokratio.
Anarkiisto: Ĉu vere?
Demokrato: Jes, kaj ĝi estos bonega por vi. Bonvole akceptu ĝin.
Anarkiisto: Mi pripensos pri la afero.
Demokrato: Ne, vi devas nepre akcepti.
Anarkiisto: Kial? Mi ne komprenas.
Demokrato: Ĉar ĝi estas la plej bona afero el la mondo.
Anarkiisto: Povas esti, sed malgraŭ tio, mi mem devas elekti ĉu akcepti aŭ ne.
Demokrato: Kompreneble ne.
Anarkiisto: Kial ne?
Demokrato: Ĉar ĝi estis demokratie elektita.
Anarkiisto: Sed ne gravas. Eble mi ne ŝatus ĝin.
Demokrato: Se vi ne akceptas demokration, do vi estas diktatoro.
Anarkiisto: Kompreneble ne. Mi volas trudi nenion al iu. Mi nur volas regi mian propan vivon.
Demokrato: Diktatoro!
Anarkiisto: Ne! Vi estas la diktatoro. Vi volas trudi vian demokration al mi.
Demokrato: Ne, ne! Mi estas demokrato, kaj demokratio ne estas trudebla.
Anarkiisto: Do, mi ne volas ĝin.
Demokrato: Diktatoro! Vi estas minaco al la demokratio. Policistoj, malliberigu lin!
(Post kelkaj jardekoj, la anarkiisto mortis en la malliberejo. La demokratio finfine mortigis lin.)