sábado, 11 de agosto de 2007

Salário único


Um tema que tem voltado as minhas reflexões nos dias de hoje é a questão da existência de um salário único para todas as profissões (que fossem honestas). Isso seria algo como remunerar os trabalhadores de maneira igualitária pela hora trabalhada.

O problema principal que eu vejo em se remunerar de maneira diferente a profissões diferentes, é que acaba criando-se certas profissões que “dão dinheiro” e outras que “não dão dinheiro”, e essa diferenciação não é feita pela importância para sociedade da profissão (como se existisse uma profissão mais importante do que outra), mas é feita pela capacidade de se gerar lucro em cima dessa profissão, por exemplo, trabalhos que são feitos nas áreas humanas, como psicologia, ciências sociais, pedagogia, entre outros, quase sempre tem uma remuneração infinitamente menor do que a de um engenheiro. O engenheiro pode gerar enormes lucros para grandes empresas, logo seu salário pode ser alto, mas os benefícios das outras profissões que citei acima são mais voltados ao ser humano e não ao lucro, logo o salário delas é bem menor. Será que essa mentalidade de se colocar o dinheiro na frente do ser humano é realmente correta? Certamente não é, pelo menos pra mim não.

Eu vou um pouco mais além, acho que até mesmo os trabalhadores como, por exemplo, os pedreiros, jardineiros, garis, profissões essas que não exigem uma grande quantidade de estudo para serem realizadas, também deveriam ter remuneração iguais as outras, pois indiscutivelmente a nossa sociedade precisa de pessoas que construam prédios e outras que limpem ruas, não há como viver sem elas, essas são profissões extremamente necessárias e igualmente dignas as outras. Dizer que essas profissões são inferiores é admitir que tenham que existir pessoas sujeitas a trabalhos inferiores, logo essas pessoas seriam também inferiores, pois se não fossem estariam em profissões melhores, e sinceramente eu não acredito que numa sociedade tenha que existir pessoas inferiores, eu acredito muito na igualdade.

Essa diferenciação entre profissões que dão dinheiro e profissões que não o dão, acaba fazendo com que muitas pessoas escolham as suas, não de acordo com suas capacidades ou de acordo com aquilo que se sentiriam realizadas fazendo, mas de acordo com a possibilidade de se ganhar dinheiro. Por exemplo, muitas pessoas que são extremamente apaixonadas por música ou por artes, acabam se tornando advogados ou médicos simplesmente porque são profissões que dão dinheiro. A partir daí o trabalho dessas pessoas deixa de ser uma fonte de prazer e bem-estar, deixa de ser algo que ela faz por amor e passa a ser uma obrigação a mais que ela tem em sua vida. Se o salário fosse igual para todas as profissões, as pessoas seriam verdadeiramente livres para escolher seu trabalho de acordo com suas capacidades e suas vocações.

Como o próprio Karl Marx uma vez disse: “A cada qual segundo suas habilidades e a cada qual segundo suas necessidades”

Um argumento contrário a essa idéia de salário único é o de que ao se fazer isso, por exemplo, no caso de “condenar” um médico a ganhar a mesma coisa que um jardineiro, não se estaria dando muito valor à vida, pois como os médicos tratam da vida das pessoas eles deveriam ganhar mais. Mas na verdade eu penso justamente o contrário, é justamente por dar valor a vida que eu gostaria que os médicos ganhassem o mesmo que todos os outros, pois eu acho que quem cuida da saúde das pessoas deveria fazer isso porque gosta de fazer, por amor a ajudar ao próximo, e não por amor a ganhar dinheiro. A vida é muito importante para ser tratada como mercadoria!

Enfim, eu entendo que a adoção de um salário único na sociedade do jeito que ela é hoje, seria uma medida talvez fadada ao fracasso, pois alguns avanços sociais teriam que ser atingidos antes de se tomar essa decisão. Acho difícil de imaginar isso dar certo enquanto os meios de produção forem privados e estiverem nas mãos de poucas pessoas, mas isso não é motivo para se desistir da idéia, muito pelo contrário, tudo que seja a favor de uma sociedade melhor tem que ser levado adiante, por mais difícil que seja sua implementação. Como eu sempre gosto de dizer: um outro mundo sempre é possível.

Uma coisa que sinceramente eu não consigo entender é como algumas pessoas podem ter tanto medo de uma palavra tão bonita como igualdade.

8 comentários:

Anônimo disse...

"Uma coisa que sinceramente eu não consigo entender é como algumas pessoas podem ter tanto medo de uma palavra tão bonita como igualdade."

Isso é simples. A igualdade, nos moldes do sistema econômico vigente hoje em dia, não é lucrativa! Acho que por isso existe apenas uma minoria que realmente se mobiliza em função de uma sociedade mais igualitária.

Saed ;) disse...

Isso eh possível sim e existe no Brasil, mas de forma particular...

No exército a diferenciação salarial eh por tempo de serviço e não por tipo de função, por exemplo: Um Tenente de Infantaria possui o mesmo salario base que um Tenente engenheiro militar, que se encontre em qualquer outro local do Pais.

Claro que um Soldado que possui 5 anos de exercito não recebe o mesmo que um aluno formado no IME, mas o recebimento de uma quantia maior pelo aluno formado no IME é por Mérito, pq o mesmo prestou um concurso e conseguiu se formar.

O Ideal seria que as profissoões fossem definidas por meio de concurso...

Abraço

Saed

Unknown disse...

Olá!!
Que bom que resolveu fazer o blog! Ficou... sincero.

"Ultimamente minha cabeça tem sido um grande emaranhado de pensamentos. Por muitas vezes até mesmo o simples ato de dormir tem se tornado uma tarefa complicada..." bom, então somos dois! Muuuuitas coisas na cabeça...

Beijos e continue!

bernardo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
bernardo disse...

Dudu,
não acho que dizer que algumas profissões são inferiores implica em dizer que existam pessoas inferiores, mas sim que existem pessoas com uma capacidade - leia-se nível técnico - inferior. O que pode ser contornado oferecendo-se um ensino de melhor qualidade a população.
Na minha opnião, o que dita se uma profissão "dá dinheiro" ou "não da dinheiro" é a lei da oferta oferta e da procura. O dia que o mercado estiver saturado de engenheiros e médicos pode ter certeza que o salário deles não vai ser alto...
Bom, o que eu quero dizer é que quem determina a remuneração de uma profissão é a própria população, através de suas necessidades.
A idéia de um salário único, do meu ponto de vista vai contra a própria sociedade, pois, por exemplo, será que sem o apelo salárial existiriam médicos suficientes para cuidar de todos?
Ou melhor, será que a distribuição das profissões pelos interesses pessoais corresponderia à necessária à sobrevivência da sociedade?

Abração

L.S. Reis disse...

Um professor meu falou certo dia sobre o Cefetes antigamente ter começado como uma escola de aprendizes de artífices e não sei lá mais o que. A galera aprendia a fazer sapato, costurar roupa e tudo o mais. Eram profissões bonitas essas, ser marceneiro, ser alfaiate... Alguém quer ser isso hoje em dia? Acho que não... As pessoas querem justamente ser médicos e juízes. Acredito que todas as funções são igualmente importantes, sem elas em conjunto o "corpo" não funcionaria. Essa questão de salário igualitário é complicada em diversos sentidos. Certamente os médicos acham seu trabalho mais complexo que o dos garis, e que se esforçaram mais pra chegar lá e que merecem maior pagamento devido a tudo isso. Mas acredito em igualdade e acho que apesar de tudo médicos e garis merecem almoçar a mesma comida, e dormir na mesma cama quentinha. Não é isso o que acontece...

Não tenhamos medo de expor nosso pensamento ^^
Abraços Dudu!

Anônimo disse...

Olá!!!!!galera...Bom hoje em dia na minha opiniao é que a classe alta e até a classe média faz da classe baixa,carpetes onde chega ja quer limpar os pés,mas a vida nem sempre nos deixa em alta,nem as núvens sao infitas pois quando deus quer ela se derrete toda e acaba no chao como as pedras se permanecem. Eu acho ou melhor tenho certeza!deus num escolhe classes para salvar nao ele olha o coracao das pessoas e nao oq elas tem...ambos sao diferentes,claro ex:meu pai trabalha para um pode_se dizer empresario pois o patrao dle é muito bem de vida proficionalmente papai trabalha na fazenda dle ah 5 anos no maximo ele nunca teve a boa vontade de ajudarmos em casa papai dedica a vida dele na fazenda nem um salario ele paga papai a vida é assim mesmo.Eu so sei q do mesmo jeito q a terra vai comer os pobres vai comer os ricos tambem desculpe tabeijos DUDU.NANDA

Roberto Bittencourt Mendes disse...

A idéia do salário único é valida.E será uma realidade, com o avanço tecnológico e os preços dos eletrônicos cada vez mais baixos.

Entretanto, temos que dar alguma coisa em troca, por exemplo:
Para um engenheiro que passou muitas madrugadas acordado desenvolvendo um novo veiculo que não emite gás carbônico, ganharia por exemplo reconhecimento e de repente uma viagem para qualquer lugar do mundo. Ou seja, eu daria bens não materiais. Uma viagem, um tempo de descanso, uma estátua uma ida ao teatro em algum país distante.

Acho que esse será o modelo do futuro.