quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Ouro não é como a prata porque a prata...

Lembro de uma vez a uns 10 anos um professor de química que eu tive que na primeira aula do curso começou a contar um caso para exemplificar para os alunos como não responder as questões da suas provas. Ele contou que uma vez ele havia colocado na prova uma questão do tipo "Discuta em 10 linhas tudo o que você sabe a respeito do ouro". E um dos alunos que não sabia muita coisa sobre o ouro, mas que por acaso sabia bem mais sobre a prata respondeu a questão da seguinte forma: "O ouro não é como a prata, pois a prata é assim, assim, e assim..." E assim se foram 10 linhas com explicações sobre a prata. Enfim, provavelmente a história que ele contou nem era verdadeira, ele obviamente fez isso apenas para exemplificar o que queria. Bom, mas porque estou aqui contando isso? A questão é que estamos em período eleitoral para escolher o próximo presidente aqui do Brasil que ficará lá pelo menos durante 4 anos, e uma das coisas que eu tenho notado é que dessa vez mais do que nunca, o debate tem acontecido exatamente como esse caso que o meu professor de química havia contado a 10 anos. Há inclusive colunistas de certas revistas que abertamente declaram que vão votar em tal candidata (nesse caso o nome dela é Marina), simplesmente porque ela não é como a outra candidata (nesse caso o nome dela é Dilma), pois a Dilma é isso, isso e aquilo. Tipo, isso sempre mais ou menos aconteceu, só que dessa vez isso tomou proporções bem maiores do que antes. Votam em massa na Marina, pois ela não é a Dilma e a Dilma é assim, assim e assim. Bom, mas porque estou falando isso aqui. É claro que cada um vota em quem quiser e pela razão que quiser. E a Marina é capaz até mesmo de ganhar a eleição. O que me incomoda um pouco é simplesmente que a nossa democracia tenha chegado a esse ponto. Alguém ganha a eleição por ser um não-outro, só que essa pessoa governará não como sendo uma não-Dilma, mas sim como sendo a Marina. Uma presidente que provavelmente ninguém quer por ser quem ela é, mas sim por quem ela não é. Sei lá, eu acho isso bizarro. Eleger e ser governado por alguém que ninguém no fundo quer. Vai lá, é claro que as pessoas tem o direito de votar assim e escolher assim, mas me preocupa um pouco que a gente tenha chegado a essa situação. Sei lá, nem sei direito se tenho solução pra isso, ou um modelo melhor de democracia. Mas isso aqui virou uma maluquice só. Acho que vale a pena dar um passo atrás um pouco, pra pensar melhor sobre realmente qual é a democracia que a gente quer. Ou então pra entender melhor o que realmente está acontecendo.

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