
Certo dia estava sentado conversando com uma amiga da República Tcheca e com um amigo da Suíça, ao princípio conversávamos sobre músicas e um deles me perguntou se no Brasil as pessoas escutavam muitas músicas vindas dos países vizinhos, dizendo a verdade falei que aqui nós basicamente, além de músicas brasileiras, só escutamos músicas vindas do EUA, com raras exceções. O engraçado foi que a resposta dos dois à mesma pergunta foi igual a minha, nos seus países praticamente só se ouviam musicas feitas no próprio país ou então músicas americanas. Depois disso começamos a conversar sobre filmes, e mais uma vez foi engraçado verificar que com os filmes, tanto na televisão como nos cinemas, acontecia a mesma coisa, filme estrangeiro, quase sempre do Tio Sam.
Estávamos em um encontro de esperantistas e depois dessa conversa saímos perguntando às outras pessoas as mesmas coisas, e confirmamos que na Holanda, Colômbia, Dinamarca, Itália, entre outros, o mesmo se passava, enfim, isso é internacional.
Porque será que isso acontece? Será que os filmes americanos são muito melhores que os demais? Os cantores de lá são melhores? A cultura do EUA é muito mais interessante do que as outras? Com certeza nada disso. As vezes nós não percebemos mas a imposição do inglês como língua internacional funciona como mais uma ferramenta do domínio imperialista norte-americano. É uma imposição que leva povos vizinhos e amigos a não saberem nada um sobre o outro. Por exemplo, qual foi a ultima vez que você leu alguma notícia sobre o Uruguai? Fiz uma breve pesquisa nos canais da TV a cabo aqui de casa e descobri que dos canais estrangeiros 82% são americanos, que coisa, não?
Vemos o mundo ficar cada vez mais massificado, vemos pessoas de todos os lugares assimilando e colocando em prática valores importados da cultura americana, que na maioria das vezes não tem nada a ver com sua própria cultura. A imposição de uma língua nativa como língua internacional tem esse problema, isso é incompatível com a enorme diversidade cultural que existe no planeta, essa imposição dizima costumes, massifica as pessoas, faz línguas menores desaparecerem, enfim, não respeita nenhum tipo de diversidade, diversidade que é algo inerente aos seres humanos.
Aceitar o inglês como língua internacional é aceitar tudo isso que eu disse acima, é aceitar o domínio e a imposição ideológica-cultural de uma nação perante todas as outras, é concordar com a própria submissão. Por isso é que eu gosto tanto do esperanto, não apenas porque é fácil de se aprender, mas principalmente porque é uma língua neutra, é uma língua que não é de ninguém e ao mesmo tempo é de todo mundo, é uma ferramenta lingüística a favor da liberdade e da diversidade do ser humano, por isso costuma-se dizer: Para cada povo sua língua, para todos os povos, esperanto. Aprender esperanto é muito mais do que apenas conhecer mais uma língua, aprender o esperanto é lutar por um ideal de liberdade e de verdadeiro respeito às diferentes culturas. Por isso eu o amo tanto, por isso eu sempre falo sobre ele, e é por isso que no mundo todo existem muitos outros iguais a mim.